A facilidade em utilizar a bruxaria
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A facilidade em utilizar a bruxaria


 "Depender de outros bruxos não te faz esperto, ter conhecimento não te faz superior, ter facilidades com magias específicas não te faz melhor e dizer-se bruxo não te faz um".

   A bruxaria diante de todas as suas ramificações vem crescendo graças a ajuda das redes sociais de contato e a distribuição de informações sobre o assunto, que ainda é bem pouca se analisarmos todas as outras religiões de "poder" que atuam dentro da nossa sociedade, que é tida como democrática e laica, mas que infelizmente não atua dessa mesma forma ainda hoje nesse começo de ano 2015. Diante de nosso crescimento acelerado como religião ou não, de fontes pagãs — hoje neo-pagã — de crenças baseadas no contexto politeísta dos Antigos povos, enfrentamos não somente a celebração e festejo de nosso crescimento social religioso, mas enfrentamos séries de ataques partindo de religiões monoteístas ainda baseadas em ideologias inquisitórias arcaicas de tamanha desnecessidade, e isso não é tudo, enfrentamos também o ápice de nossas discordâncias não somente externas, mas também internas, onde grupos tradicionais de "poder" trazem maiores verdades ou credibilidade do que a outra, mesmo que o contexto ideológico se baseie ou deveria se basear somente em uma razão: culto ao sagrado.
   Entre as discordâncias de tradições ficam neófitos que se baseiam em líderes religiosos representantes do paganismo e bruxaria, que não entendendo a mais básica das leis, dogmas e crendices, opta por entrar nas discussões e trazer para sua formação a escolha entre um grupo ou outro, sem mesmo entender qual o fundamentalismo envolvido nessas discussões dos ditos "Grandes Mestres da bruxaria". Discussões estas que nos faz pensar sobre a verdadeira atuação destes grandes mestres que deveriam instruir neófitos ao crescimento intelectual e espiritual e não à intolerância a grupos de fundamentos distintos aos dele, levando-os a entender a diversidade e a respeitar opiniões diversas. Infelizmente a briga pelo poder de movimentação e a criação de grandes nomes fala mais alto do que a humildade, levando a bruxaria a criar sistemas desunificados, quando o principal motivo pela bruxaria coexistir é a aceitação da diversidade de práticas e ideologias, baseando-se no crescimento espiritual por meio de práticas e teorias.
    Hoje enfrentamos também o fato de a necessidade impor-se em primeiro lugar, trazendo a falta de bom senso pelos estudos e busca dos saberes, onde o neófito mal instruído é cercado por discussões desnecessárias e não por debates construtivos de ideias e pensamentos reflexivos. É comum vermos hoje que a bruxaria e seus demais ramos traz para os estudantes iniciantes as mais diversas visões de facilidades, ou seja, todos aqueles que entram na bruxaria não se preocupam em estudar e buscar conhecimento, mas em tê-los em mãos. Acontece que a bruxaria não é fácil de ser entendida e a magia menos ainda de ser utilizada, portanto a grande quantidade de receitas prontas e informações mastigadas cresce e a falta de conhecimento anda junto nesse processo. É preciso entender portanto que a bruxaria é moldável e que nada está pronto, mas em processo de construção, assim como o neófito, que precisa ser moldado antes de moldar ou tornar-se um moldador de energias.
    Para que o processo de tornar-se moldador seja eficaz é preciso que o neófito entenda todas as circunstâncias, desde dogmas, leis, bom sendo e ética, para que depois entenda o processo de criação de suas próprias magicas como feitiços, rituais e ritos, celebrações e magias específicas: ervas, pêndulo, runas, tarô ou cristalomancia (oráculos), meditação e diversas evoluções psíquicas que contribuem para a formação intelectual do bruxo(a). Dando primeiramente ao neófito a intenção de estudo e busca pelos saberes que é de fundamental importância para a construção de um bruxo(a) bem instruído e que possa, sozinho, fazer e desfazer. A ideia da facilidade na utilização da bruxaria é vaga e não vem para ajudar, mas sim para atrapalhar. A ideia de crescimento será sempre natural ao neófito como para quem trabalha com bruxaria a muitos anos, já que é do ser humano entender que seu melhor desempenho é diante de seu crescimento, pensamento esse ambicioso mas ainda sim errôneo, já que todos nós já nascemos bruxos e nossas habilidades se desencadeiam conforme nossas práticas e nossos estudos diários, que trazem este crescimento e entendimento profundo como consequência.
    Primeiramente é preciso saber que as facilidades devem ser aproveitadas, mas sempre direcionadas à profundidade, portanto, é preciso ganhar experiência tirando informações de todos os lados. Tendo sempre em mente que o crescimento se dá a partir dos testes, é preciso compreender que só se faz algo ou se experimenta algo quando sabe-se o que aquilo traz de consequência e não o contrário, visando é claro o bom senso e a ética de atuação. O conhecimento de tudo sempre será raso, pois é preciso ter especifidades em que se possa mergulhar em águas escuras no mar sem que haja boias acima evitando nossa descida, ou seja, não podemos ser tudo se fizermos tudo de uma vez, mas pode-ser ser tudo com calma e paciência, mergulhando quando necessário e estando à superfície quando for preciso. Por esse motivo é preciso entender que dentro da bruxaria há como saber tudo, desde que o indivíduo encare as escuridões uma por vez, pois o conhecimento oculto não é fácil de se obter e menos ainda fácil de ser usado, já que para ser usado necessita-se de bom conhecimento. O objetivo só será concretizado quando o conhecimento da técnica ou método for entendido 100%, caso contrário ele terá grandes porcentagens de não resultar em nada ou em resultar o contrário do esperado.
   A bruxaria não é uma saga de Harry Potter, nós bruxas não somos Malévola, Bruxa Má ou Cruela Devil que são retratadas na Disney. Infelizmente essas representações entram em nossas ideias e se pregam as nossas práticas, levando-nos ao conhecimento superficial, onde tudo é baseado em sagas e desenhos, quando a bruxaria é uma prática de seriedade e responsabilidade do praticante em seu meio interno para com seu meio externo. A bruxaria não possui cores que representam os feitos de um bruxo(a), porque nós somos moldadores de energias internas e externas trabalhando por melhoras pessoais ou coletivas, a bruxaria não é boa ou ruim, nós somos seres de duplas energias: energias utilizáveis e descartáveis que podem ser moldadas, diante disso, somos todos dois em um, nossas bondades e ruindades fazem parte de nosso ser e ambas as coisas agem, e nós aprendemos a usá-las conforme nossas necessidades cotidianas, agindo sempre com ética baseando-se na lei do retorno triplicado que são nossas contas a pagar.
   Realmente não é fácil estar centrado e entender tudo, por isso a bruxaria é e sempre será uma busca por conhecimentos, portanto, nenhum de nós sabe tudo a respeito e por isso estamos sempre estudando. Independente de hierarquias e graus alcançados, sempre seremos estudantes da Arte, cada um de nós em sua experiência única. Depender de outros bruxos não te faz esperto, ter conhecimento não te faz superior, ter facilidades com magias específicas não te faz melhor e dizer-se bruxo não te faz um, desse modo, busquem aprender sempre com as experiências cotidianas, evitem enraizar-se somente em uma pessoa que tenha melhor conhecimento e veja todos os lados, busque conhecer e não priorizar receitas prontas e além de tudo respeite hierarquias porque o sábio sempre será aquele cuja experiência é um merecimento e que não deixe o nariz pro alto pelo seu crescimento ou poder, pois todos nós possuímos poder mas nem todos buscam. Um bruxo(a) é aquele que preza pela humildade de dizer quando estar certo e dizer quando se está errado, aprendendo a ser um diferencial e não mais um ser humano, pois estamos em busca de evolução psíquica e espiritual. 

"O conhecimento deve ser partilhado por aqueles que aprendem, mas deve ser guardado, pois aquele que procura conhecimento tende a buscá-lo e lutar por ele, é a busca eterna pelo saber que te faz bruxo".




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