Cientistas britânicos descobriram uma proteína capaz de matar todo o tipo de cancros ou vírus através do fortalecimento das capacidades de defesa do sistema imunitário.
A equipa está, atualmente, a desenvolver uma terapia genética para aproveitar o seu potencial e planeia iniciar ensaios clínicos em humanos nos próximos três anos.
Experiências feitas pelos investigadores do Imperial College London, em Inglaterra, com células humanas e de ratos conseguiram demonstrar que esta proteína, de nome LEM (Lymphocyte Expansion Molecule) consegue promover a proliferação de células T citotóxicas, que matam células cancerígenas e células infetadas com vírus.
Embora sejam um componente importante do sistema imunitário, quando são confrontadas com infeções sérias ou cancros em estado avançado, estas células não são capazes de se multiplicar em quantidade suficiente para combater a doença - uma realidade que, com a descoberta da proteína LEM, poderá mudar.
No decurso de análises feitas com ratinhos com mutações genéticas, a equipa identificou um conjunto de modelos animais capazes de produzir 10 vezes mais células T citotóxicas na presença de uma infeção causada por um vírus do que os normais, conseguindo suprimi-la com maior eficácia e provando ser, também, mais resistentes ao cancro.
Além disso, explica um comunicado do Imperial College London, o organismo destes animais produzia, também, uma maior quantidade de um segundo tipo de células T, as chamadas células de memória, que facilitam o reconhecimento de infeções que já se manifestaram no passado e uma atuação rápida por parte do sistema imunitário.
A explicação para este sucesso no combate às doenças está, segundo os investigadores, no facto de os animais com mais imunidade produzirem níveis superiores da proteína LEM, revela o estudo publicado a semana passada na revista científica Science.
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Com base nesta descoberta, os cientistas estão, neste momento, a trabalhar no desenvolvimento de uma nova terapia genética para fortalecer o sistema imunitário através do aumento da produção daquela proteína, que será testada em ratinhos e que poderá ser alvo de ensaios clínicos em humanos já em 2018.
"As células cancerígenas conseguem anular a atividade das células T, o que lhes permite escapar ao sistema imunitário. Ao introduzir uma versão ativa do gene LEM nas células T dos pacientes com cancro, esperamos conseguir proporcionar aos pacientes um tratamento robusto", explica Philip Ashton-Rickardt, principal autor do estudo e investigador do departamento de imunobiologia e medicina da universidade britânica.
De acordo com Claudio Mauro, outro dos cientistas envolvidos na investigação, esta descoberta tem "consequentes imediatas na criação de novas abordagens terapêuticas para combate ao cancro", mas a sua utilidade poderá ser muito mais ampla e ajudar a explicar "os mecanismos biológicos" de doenças autoimunes como a aterosclerose ou a artrite reumatóide. [Boas notícias]