CINISMO? ADVINHE QUAL ERA O GRAU DE INVESTIMENTO DO BRASIL NO GOVERNO PSDB/FHC
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CINISMO? ADVINHE QUAL ERA O GRAU DE INVESTIMENTO DO BRASIL NO GOVERNO PSDB/FHC





NOTA DA STANDARD POOR'S E A HIPOCRISIA DO ESCARCÉU DA MÍDIA TUCANA

[OBS deste blog 'democracia&política:

De tão ridícula, cínica, hipócrita, chega a ser engraçada a reação da imprensa e da oposição pelo rebaixamento do Brasil de BBB- para o nível BB+ pela agência Standard & Poor?s (n
a Moody´s, o país continua no degrau acima do grau especulativo. Na Fitch, o Brasil segue dois degraus acima). 

Pelo estardalhaço na mídia e críticas da oposição, parece que ocorreu uma tragédia jamais vista. O PSDB manifestou que agora realmente só resta à Dilma a renúncia, e que o fato é motivo para impeachment. Senadores e deputados da oposição aproveitaram o rebaixamento do Brasil para reafirmar ensandecidos que "Dilma não tem mais condições de governar". Uma frente suprapartidária pró-golpe,  na continuação da busca louca pelo impeachment, foi lançada ontem pelo PSDB, DEM, PSC, PPS e alguns membros do PMDB.

Tudo muito engraçado. Parece circo. 

Vamos à verdade: o Brasil conquistou o grau de investimento pelas agências internacionais Fitch Ratings e Standard & Poor?s somente a partir de 2008. Em 2009, conquistou a classificação pela Moody? (Ver tabelas abaixo). De 1994 a 2015, somente em 7 anos, a partir de 2008 (governos Lula e Dilma), a nota foi superior ao agora BB+. Durante todos os governos PSDB/FHC, o Brasil ficou bem abaixo desse nível e a imprensa achava tudo lindo maravilhoso. E ainda mais, quando em abril de 2008 o Brasil foi promovido acima de BB+ pela mesma S&P, a mídia não deu destaque e muitos "especialistas" convidados pela imprensa afirmaram que aquela elevação no grau de investimento não significava nada. Não tinha importância... 

É muita hipocrisia. É melhor desligar a televisão e não ler os jornais e revistas brasileiros, pois tratam-nos como desmemoriados imbecis. Ou eles é que são? 


(tabela obtida no "Brasil 247")

grafico fhc agencia de risco
(gráfico obtido no "Conversa Afiada")

Vejamos a seguir o oportuno artigo do Doutor Flavio Aguiar sobre o assunto:]


Nota de rebaixamento do Brasil é 'cascata'

Por Flávio Aguiar, doutor pela USP; de Berlim para a Rede Brasil Atual:

"O título deste post pode ter dois sentidos. Exploremos ambos.

Primeiro, simplesmente, cascata, no sentido de conversa fiada, sem consistência e vinda de quem não inspira credibilidade. Desde a crise de 2007/2008, que levou o mundo à recessão inacabada que começou em 2008/2009, três agências que pretendem determinar a governança dos investimentos financeiros internacionais, a Standard & Poor's (que deu a nota de rebaixamento para o Brasil), a Moody's e a Fitch Ratings, estão sob suspeita, e tentando recuperar sua credibilidade.

Até a véspera da crise (literalmente), todas elas continuavam aconselhando seus clientes a investirem nas "securities" (que nome irônico?) ligadas à bolha imobiliária que estourou [nos EUA] logo a seguir. A crise provocou de imediato perdas no valor de meio trilhão de dólares e forçou o governo norte-americano a comprar 700 bilhões das dívidas de instituições financeiras inadimplentes.

A crise mergulhou a Europa no buraco recessivo de onde seus indicadores econômicos podem estar saindo (ainda não saíram), mas não seus povos. Os índices de desemprego permanecem altíssimos na maioria dos países afetados, e alguns dos índices são "maquiados" por realidades como a imigração forçada, sobretudo de jovens, o que acontece, por exemplo, na Irlanda, em Portugal e nos países bálticos.

Além dessa credibilidade inadimplente, há um "colateral" (como gostam de dizer os economistas ortodoxos) nessa situação toda. Mais recentemente, como o mundo não sai da recessão, tornou-se comum entre os analistas ortodoxos culpar os países emergentes (entre eles, destaque para os BRICS) e suas "apostas erradas" por essa situação em que a "crise" virou "normalidade", em que a recessão virou virtude, dependendo de quem esteja no seu comando.

Se for um neoliberal, com políticas antissociais, é virtude; se for um ?populista de esquerda?, a culpa é de suas ?políticas erradas?. Em ambas as possibilidades, existe uma tendência a examinar os cenários caso a caso, isolando-os e tapando o cenário global com a peneira. Assim, instalam-se "a crise da moeda chinesa", "a crise do rublo russo" e também "a crise da confiabilidade no Brasil".

A África do Sul fica um tanto à margem desses comentários, e a Índia, atualmente com um governo conservador, fica de lado. Na visão desses comentaristas ortodoxos, ocorre uma curiosa transubstanciação, pois, dependendo do caso, ?ajuste? vira "crise" e vice-versa. Se a Espanha mergulha seu povo numa recessão, seguindo a receita de Berlim, Frankfurt e Bruxelas, isso não é crise, é ajuste. Se o Brasil passa por uma fase de ajuste cambial, depois de muito tempo de um real supervalorizado, isso não é ajuste, é recessão.

A segunda possibilidade de leitura do titulo é a de um "efeito cascata". Traduzindo no contexto: tal tipo de rebaixamento pode (e quer) se constituir numa profecia autorrealizável. Até o momento, o Brasil não é mau pagador. Mas, em decorrência desse rebaixamento, é quase certo que fundos de pensão que fazem investimentos internacionais deixarão de investir nas letras do Brasil.

Isso vai aumentar os juros sobre elas, aumentando o risco de o Brasil tornar-se um devedor problemático. As justificativas da nota falam em um 2016 difícil, apontando para uma instabilidade governamental. Ao mesmo tempo, o rebaixamento induz, ele mesmo, a instabilidade e a dificuldade no futuro.

No curto prazo, isso apenas aumenta a pressão para que o governo brasileiro permaneça fazendo o "ajuste" que o mundo financeiro quer que ele faça, em seu favor, e em detrimento do povo. Se der certo, ? isto é ? se a profecia se autorrealizar, a agência dirá estar recuperando sua credibilidade. Se ela não se realizar, alegará que sua atitude contribuiu para "manter o Brasil no rumo certo", dizendo, por isso, estar recuperando sua credibilidade.

Em ambos os casos, do ponto de vista macropolítico, a agência sairia ganhando e o Brasil, perdendo. Outro efeito "colateral" desse tipo de manobra é a esperança de reduzir novamente o Brasil à condição de "devedor" ? mesmo que no plano imaginário ? na cena internacional.

[OBS deste blog 'democracia&política': O ex-presidente Lula, com a sua imensa sabedoria intuitiva, resumiu tudo muito bem. Segundo informações do jornal tucano "Estadão", Lula, em passagem ontem por Buenos Aires, disse que "o rebaixamento significa que apenas a gente não pode fazer o que eles querem. A gente tem que fazer o que a gente quer."]

O país, em relação ao FMI, de devedor passou à condição de credor, e condições como a do pré-sal projetam um deslocamento maior ainda para o país no mapa geoeconômico. Isso assusta as agências desacreditadas, e junto com elas, as direitas internacionais e a nossa, paroquial e anacrônica como sempre. Uma última coisa: falta combinar esses roteiros com o nosso governo. Se esse enfiar a cabeça nesse gargalo, vai ser difícil sair depois."

FONTE: escrito por Flávio Aguiar, doutor pela USP,  na Rede Brasil Atual . Postado no "Blog do Miro"   (http://altamiroborges.blogspot.com.br/2015/09/nota-de-rebaixamento-do-brasil-e-cascata.html#more). [Título, imagem, trechos entre colchetes em azul e gráficos acrescentados por este blog 'democracia&política'].



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