BRICS criarão fundo de reservas e banco com foco em desenvolvimento sustentável
"A VI cúpula dos BRICS se reunirá na próxima semana em Fortaleza e iniciará um aprofundamento das relações dos países do grupo (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Deverão ser anunciados novo "Banco de Desenvolvimento e Arranjo Contingente de Reservas", espécie de fundo anticrise do bloco. A assinatura do acordo deve ocorrer na próxima terça-feira (15).
O banco deve ter capital inicial de US$ 50 bilhões, com capital autorizado de até US$ 100 bilhões e deverá ter seu funcionamento aprovado pelo Congresso dos cinco países. Já o fundo, terá capital de US$ 100 bilhões para auxiliar integrantes que venham a enfrentar dificuldades. A China entrará com US$ 41 bilhões; o Brasil, a Rússia e Índia com US$ 18 bilhões cada; e a África do Sul com US$ 5 bilhões. A expectativa é que outros países em desenvolvimento também possam tomar empréstimos do banco, mas os critérios para tanto serão definidos em um segundo momento.
Segundo o subsecretário de Política do Ministério das Relações Exteriores, embaixador José Alfredo Graça Lima, essas entidades não serão competidoras do Banco Mundial (BIRD), nem do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas suplementares.
O embaixador Flávio Damico explica como funcionará o banco.
?O banco é um banco de projetos, ou seja, ele vai financiar projetos em países em desenvolvimento e economias emergentes. Cada um dos países entrará com uma cota à parte para constituir o capital do banco. Já o arranjo de reservas é um FMI em miniatura do qual apenas cinco países fazem parte dele, os cinco que constituem o BRICS. Cada um deles reservará uma parcela de suas reservas para ajuda mútua aos demais países dos BRICS, caso eles se vejam defrontados com crises de balanços de pagamentos, ou seja, um país começa a ter muito mais importações que exportações e não consegue pagar suas contas. Então ele, necessariamente, no passado, deveria recorrer ao fundo monetário. Agora, tem uma linha de defesa adicional em que se pode recorrer?, diz o embaixador.
Damico afirma que o foco do banco deverá ser em projetos de infraestrutura e meio ambiente.
?Porque esse é um nicho que se encontra desatendido pelas instituições multilaterais existentes. Enfim, há enormes necessidades de investimento em infraestrutura nos países em desenvolvimento. E o banco vem justamente complementar o papel já desempenhado pelas organizações multilaterais de crédito?.
Nos últimos anos, os países dos BRICS sediaram diversas competições esportivas de grandes proporções. Para o embaixador, isso pode ser consequência do maior poder do grupo.
?O Brasil vai continuar no centro das atenções internacionais. Não chega a ser uma coincidência que um dos países dos BRICS esteja sediando esta Copa do Mundo, se você pensar na esteira de uma série eventos internacionais, grandes eventos esportivos, que foram sediados pelos Brics: a Copa do Mundo de 2010 na África do Sul, a recente Olimpíada de inverno em Sochi, os jogos da Commonwealthna Índia. (?) os BRICS, em decorrência da sua acumulação de poder recente, são cada vez mais são relevantes em várias esferas internacionais, inclusive na área dos esportes. Mais do que isso, uma das razões que se elegeu como tema da cúpula o lema "crescimento inclusivo, soluções sustentáveis", é justamente para demonstrar ao mundo a enorme contribuição que os BRICS têm feito na redução da desigualdade e na inclusão social, não apenas em seus países, mas também em outros países do mundo. Nesse sentido, estamos demonstrando que o modelo a ser seguido pelos BRICS é um modelo importante a ser considerado pelos demais países em desenvolvimento.?
FONTE: Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/brics-criarao-fundo-de-reservas-e-banco-com-foco-em-desenvolvimento-sustentavel/).