Sugestão de Assis Ribeiro
Do Tijolaço
A crise não é um fatalismo técnico. É um ambiente social.
Por Fernando Brito
A foto aí de cima é de uma primeira página da Folha de S. Paulo em junho de 2009.
Não obstante, estava começando ali a mais espetacular arrancada da economia brasileira em décadas, o que seria jocosamente chamado, então, de ?espetáculo do crescimento?.
Não, não quero dizer que estamos vivendo o mesmo, agora.
E não é porque nos faltem condições objetivas de fazê-lo.
Faltam-nos as condições políticas.
Estamos acuados diante da ofensiva da mídia, e isso não é recente, pós-manifestações.
Vem de um longo tempo.
As lideranças políticas do processo de mudança do país emudeceram.
A presidente Dilma, quando fala, fala corajosamente. Mas quase nunca fala, limita seu contato com a população a espasmos de ousadia, que seu governo, a seguir, transforma em gaguejos e balbucios.
Mauricio Dias, hoje, na CartaCapital, traça um duro retrato do que acontece e pede que a presidenta recue dos recuos sucessivos.
O ex-presidente Lula, depois dos quase dois anos de afastamento compulsòrio da polêmica, acha que pode se manter no papel, apenas, de coadjuvante, o que é impossìvel.
Lula é o lìder, o referencial, o homem que corporifica ideias e a indiscutível fonte de legitimidade de Dilma Rousseff, e ela sabe perfeitamente disso e que isso não é demérito algum.
Tanto é assim que a presidenta jamais praticou um ato de confrontação ou hostilidade para com Lula, embora a estultice marqueteira e sabuja de alguns auxiliares tenha passado meses a fio com a história de que mostrasse ?personalidade própria?, exatamente aquilo que estes ?conselheiros? não são capazes de ter.
O fato é que atravessamos um momento que só não é mais difìcil porque as forças do conservadorismo no Brasil, embora com o gigantesco poder monopolista que a mídia representa, não tem senão o espectro da volta ao passado para oferecer e esse passado é tão ruim que a sua simples exibição repugna. Suas alternativas ? Marina e Joaquim Barbosa ? são por demais fracas pessoalmente e tão carregadas de contradições que parecem incapazes de deslanchar.
O povo brasileiro não mudou de sonhos.
E não perdeu seus líderes.
Mas precisa muito, muito mesmo, que eles voltem a liderar.
Simples assim.