Sobre Bruxaria Cristã
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Sobre Bruxaria Cristã


  

    Essa questão assola a todos nós quando começamos a estudar e nos deparamos com nossas crenças, a crença imposta numa sociedade inteira cristã e a nossa escolha pessoal, a bruxaria e suas demais vertentes. Posso afirmar que esse é um tema muito simples, embora pareça tão complexo de se entender a primeiro momento. É também um "tema" muito discutido em meio de grupos sobre bruxaria, Wicca, Paganismo e as demais, tema por vezes até muito polêmico. A grande questão é: "O bruxo pode ser cristão?", me baseando nesse questionamento, vim trazer um pouco sobre as duas "práticas" e crenças: paganismo e cristianismo, na sua mais simplista ideia para esclarecer, talvez, um pouco dessas dúvidas que são frequentes em nós praticantes da Arte, sejam neófitos ou praticantes mais antigos.
    Quando falamos em bruxaria, nós falamos numa questão "diversificada" de práticas, a bruxaria é como um campo aberto, cada um que por ele pisa o vê de uma forma pessoal, embora tudo seja muito concreto dentro desse campo, cada um tem sua forma de ver o que está diante de seus olhos. Não é atoa que cada um de nós tem uma opinião própria acerca de determinados assuntos, embora essa opinião seja formada por diversas influências, sejam externas ou internas, que modifica nossa forma de ver as coisas e de pensar sobre elas. Posso dizer que Freud diz algo relativamente inteligente a respeito de nossas "conclusões", ele diz: "Não tenho medo algum de me contradizer [...]", sendo assim, nós de fato entendemos que nossas ideias mudam o tempo todo conforme nossas vivências ou experiências terrenas, embora muitos de nós negamos, é algo relativamente natural e importante para nossa vida, afinal, precisamos ter a mente aberta para aprender, o aprendizado é portanto, a nossa contradição. Como "Ontem pensei aquilo e hoje me desminto, eu hoje entendo que tudo é diferente".
   Entendendo esse ponto, talvez seja mais fácil entender que a crença está também envolta a nossas experiências, a nossas visões de mundo e de moral, nossas vivências também estão incluídas nisso, principalmente nossa cultura e educação. Primeiramente é preciso entender que crença, nem sempre é religião e que religião nem sempre é crença, o nosso mundo atual traz essa questão de forma muito natural, quando o uso da fé e da religião leva ao consumo, ao capitalismo, fazendo movimentar um "mercado" ou uma "indústria" que gera não conteúdo religioso de qualidade e para o benefício geral, mas para um benefício singular. Nós precisamos entender então que isso não é de hoje, mas que atualmente se vê mais claramente.
   O choque religioso começa quando o fanatismo engloba toda uma sociedade atualizada que necessita não só de "esperanças", "fé" e "espiritual", mas necessita de democracia e de liberdades. Quando falamos em "liberdades" não queremos dizer que é deixar o caos se instalar, deixar tudo as traças ou deixar acontecer, mas sim em dar direitos para aqueles que estão privados disso, quando isso afeta um todo. O que ocorre é que, o choque religioso está agravando diversos "problemas" sociais, privando-nos de nossas escolhas pessoais, portanto, o meio religioso interfere na política, na economia, nos direitos civis, na nossa casa e em nossos corpos, o que é totalmente errado, já que a religião não deveria estar nesse meio como nenhum desses casos, mas sim fora disso tudo, como uma organização religiosa sem qualquer fim lucrativo para trazer o que citei acima: fé, educação espiritual e etc.
   Trazendo esse conteúdo básico e simplista a vocês, fica mais fácil de voltarmos a um bom tempo atrás para analisar alguns fatos históricos que continuam sendo processados nos dias atuais: A religião como comércio. Ao voltarmos na época da inquisição, vemos a dominância do cristianismo como religião, dentro do monoteísmo que é, portanto, uma crença atual, em que ela se choca constantemente com o politeísmo e paganismo, que são crenças mais antigas. Esse "choque" ocorre quando o cristianismo se impõe nas questões civis, atuando na política, usando a religião como influência social para trazer não só benefícios, mas poder. Diante de determinados obstáculos, as duas culturas se chocam entre liberdade X poder. A liberdade que trago em pauta não é, como eu disse acima, a dominância do caos social, mas a liberdade de escolhas, por exemplo, a liberdade para se ter religião sem que essa religião seja a "única" opção, já que não é. É quando por fim entendemos que há duas ou mais ideias envoltas a duas crenças: politeísmo e monoteísmo, que são completamente distintas uma da outra. Podemos analisar dessa forma:

Politeísmo"Politeísta - aquele que acredita em vários Deuses": Crença em vários Deuses. Muitas religiões, principalmente as da antiguidade, eram politeístas. Podemos citar como exemplo a religião do Egito Antigo, Grécia Antiga e Roma Antiga. Os Deuses destas religiões costumam assumir diversas funções, muitos deles com forças relacionadas à natureza. O funcionamento do mundo também era atribuído a estes Deuses. Com o advento do cristianismo, que é monoteísta, estas religiões perderam força." — Fonte: http://www.suapesquisa.com/

Monoteísmo — "Monoteísta - aquele que acredita em um único Deus": Crença em um único Deus. As religiões monoteístas como, por exemplo, católica, evangélicas, judaica e muçulmana, aceitam apenas a existência de um único Deus. Os cristãos, judeus e muçulmanos seguem o monoteísmo. Os religiosos citados na frase acima acreditam em um único Deus, criador de todas as coisas do Universo.  — Fonte: http://www.suapesquisa.com/



   Nos deparamos então com as diferenças simples entre as duas: A crença em um Deus e a crença em vários Deuses. Muitos discordam com isso entendendo que "Como não se pode crer em Jesus Cristo, quando se crê em 'todos' os Deuses?", novamente precisamos entender que Jesus Cristo, a Santíssima Trindade e os mais diversos nomes dados ao mesmo em outras religiões não faz parte do politeísmo, já que este está dentro da crença monoteísta, que é a crença em um "ÚNICO" Deus. O politeísmo não crê que há um único Deus, mas que cada Deus dentro do panteão (grupo de Deuses), que está dentro de uma cultura de uma determinada região ou de um determinado grupo de civilização é um, portanto cada um desses diversos Deuses, possui sua própria característica e cada um deles um nome, e não só, mas possuem também determinadas "funções" naturais. Essa é a mais simples das diferenças entre estas duas crenças. Voltamos então a questão da bruxaria ser um campo aberto. Quando falamos em bruxaria, que é portanto um campo aberto de ideias e crenças, falamos que cada um dentro da bruxaria crê e pratica de formas diversas, para ser bruxo, não necessariamente se é wiccaniano, pagão, politeísta, mas sim bruxo em sua diversidade, sendo assim, é possível ser monoteísta e bruxo, cada um praticando de formas bastante parecidas, já que a bruxaria é concreta em sua prática e um campo aberto em ideias.
   Sobre a Wicca, que é uma religião dentro da bruxaria e dentro do politeísmo, entendemos como politeísta, pois sua origem vem de tradições e práticas embasadas no paganismo e bruxaria antigos, com somas, ou seja, com atualizações e com alguns detalhes "renovados", por assim dizer. Já o paganismo não é a ideia radical contra o cristianismo e os demais, mas é também um campo aberto de crença e descrença em qualquer forma, a ideia do paganismo é o contexto natural. Respondendo finalmente sobre a questão: "É possível ser bruxo cristão?", posso afirmar que sim, a prática da bruxaria não se inutiliza e nem mesmo se altera, a não ser pela crença envolvida nesse contexto, que a modifica conforme sua religião e etc. Ela portanto não se limita. Sobre a questão: "É possível ser wiccaniano cristão?", é absolutamente incompatível e não, não é possível ser wiccaniano e cristão, já que a religião Wicca se baseia no politeísmo e não no monoteísmo.
    Quando se trata da cultura politeísta, nos deparamos com uma determinada "liberdade", onde algumas leis, alguns contextos são totalmente livres para se modificarem ou se desfazerem. Quando tratamos da cultura monoteísmo, nos deparamos com algo novo que embora não englobe nosso contexto atual, se limita na antiguidade religiosa, onde há uma luta pelo poder. A mensagem que deixo a respeito disso é que, nós todos precisamos respeitar qualquer escolha do outro, desde que seja cabível ao contexto social e que não infrinja leis que são para todos, como iguais. Mas precisamos de muito bom senso para entender que  todo mundo tem o direito de fazer escolhas, sejam quais forem e que tirar direitos é privar o outro. Quando se trata de religião, não se pode impor sua crença ou sua religião aos outros como fonte única de conhecimento e salvação, mas devemos oferecer ao outro conhecimento sobre suas opções e dar liberdade do mesmo fazer suas escolhas, certas ou erradas no teu próprio contexto. Dentro da bruxaria como pagã, temos essa mente fechada de que a "bruxaria é só nossa e de mais ninguém", como se só se é bruxo se for wiccaniano, ou só se é bruxo se não for wiccaniano, ou que não se pode acreditar em Deus e ser bruxo, e precisamos abrir nossas mentes sobre isso, já que a bruxaria engloba muita coisa e que nosso conhecimento é muito superficial até sobre ela. A moral nada tem a ver com religião, as escolhas menos ainda, é preciso entender, além de tudo, que tua visão neste campo aberto é a sua própria visão e nem sempre o outro vê ou quer ver o mesmo que você, o campo é aberto, cheio de mistérios e cheio de novidades, alguns querem desmistificar, outros querem experimentar e outros não querem sair do lugar, mas que todos tenham o direito de fazer e se movimentar como acham que devem fazer, é isso que torna alguém livre. Não estamos todos pelo mesmo Deus, nem pelo mesmo partido, ou pelo mesmo ideal ideia, movimento... Estamos todos para crescimento, conhecimento e além disso!




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